Um Novo Paradoxo
No último Domingo de manhã, este vosso abutre foi com a sua Maria passear até ao passeio marítimo entre o forte de S. Julião da Barra e Santo Amaro de Oeiras. Afinal, quando há uma cria em formação, caminhar é uma das actividades mais aconselhadas para as grávidas.
Este passeio marítimo é, como todos sabemos, muito popular entre a população local. Humanos e canídeos de todas as idades, raças e condições utilizam este agradável espaço para exercitarem os seus músculos, seja em passeio, marcha, corrida, patins, skate ou bicicleta (sendo estes 3 últimos exclusivos dos humanos).
Eram aproximadamente 11 da manhã quando este abutre estaciona o seu veículo num dos muitos lugares livres de estacionamento ainda disponíveis (apesar de não ser dos mais próximos das passagem subterrâneas, porque ficava a meio caminho entre duas dessas passagens), do outro lado da avenida marginal, junto à NATO. Dá o seu passeio com a sua Maria e por volta das 12h30m regressa ao carro.
Para quem não conhece o local de que falo, trata-se de uma estrada normal, que de um dos lados tem um enorme espaço de estacionamento em espinha e do outro tem um passeio com cerca de 1 metro de largura para os peões poderem aceder em segurança à passagem subterrânea.
No momento em que o Abutre sobe da passagem subterrânea (que foi diferente da que utilizou para iniciar o passeio), depara-se com os passeios completamente entupidos de carros, obrigando-o a caminhar no meio da estrada. E comentam vocês, “Pois, deixou de haver lugar para estacionar e tiveram que deixar o carro onde possível”, ao que eu respondo “Não caros amigos, 100 metros mais à frente havia entre 20 a 30 lugares livres”.
Não passaria de mais um episódio de mau civismo a juntar aos muitos que qualquer condutor tem que aturar quando circula pelas estradas do nosso país, pelo que nem mereceria qualquer comentário especial. No entanto, deixo aqui a questão: atendendo a uma elevada probabilidade de as pessoas que estacionaram aqueles carros no passeio foram caminhar, marchar, correr, andar de patins, skate ou bicicleta, será que não poderiam ter acrescentado mais 200 metros ao seus percursos (já estou a contar com 100 de ida e 100 de volta)?
Foram até lá para andar. Mas não podem andar 200 metros a mais de forma a ficarem com o carro bem estacionado. Confesso que tenho dificuldade em perceber um raciocínio destes.
Ou será que a falta de civismo está de tal forma entranhada em determinados condutores (não vou ao ponto de dizer cidadãos, pois todos conhecemos pessoas impecáveis que se transformam em verdadeiras bestas quando põem as mãos num volante), que faz com que o seu comportamento por defeito seja sempre o mais comodista, sem consideração pelas outras pessoas, mesmo quando o esforço adicional requerido para se proceder correctamente seja mínimo?